Encontrei com o amor no sábado no horário de almoço, pois como achei que o curso que ele está fazendo duraria o dia inteiro marquei de ir a casa de uma amiga almoçar com ela e o esposo. Ele me buscou lá e fomos encontrar com os pais dele em um restaurante.
Voltamos para a casa e no final da tarde eu comecei a conversar com ele, questionando que eu estava o achando distante, que quase não namorávamos mais e eu queria de uma vez por todas entender o que estava acontecendo, falei "prefiro a verdade que dói do que a mentira que acalenta" e que eu me sentia rejeitada, que sempre era deixada em segundo, terceiro, quarto lugar.
Eu sempre fui muito magrela e a utilização de calças baixas piorou consideravelmente meu corpo. Nunca fui do tipo violão e sempre morri de vergonha por isso e principalmente por ter o bumbum murcho. Ele disse que eu pedi pra ele me contar e que era pra eu entender. Falou que se mata de estudar e não me vê fazendo o mesmo. Eu virei e falei: olha, eu to correndo olhando edital, pesquisando sobre o concurso da CEF e do BB. Você acha que por eu faltar a facul não estudo e se morde de raiva pq tiro nota boa. Acha que consigo como? Se no final de semana eu to o tempo todo perto de você deve ser pq durante a semana eu fiz minhas coisas para ter tempo para nós. Sei que ele virou pra mim e disse: "sei que é futilidade da minha parte, coisa de gente idiota, mas as vezes olho as mulheres nas ruas e me questiono pq eu não poderia ter uma assim ao meu lado, sei que eu sou um burro por pensar assim mas penso, queria q vc tivesse um corpo mais feminino, eu to pagando academia para você e nem ir você tem ido, você reclama por ser magra e tals e não tem feito nada para mudar isso". PQP... sabe o que é o chão sair por debaixo dos seus pés? Ele disse que estava descontente com o nosso relacionamento, pois acha que eu não me cuido direito (só pq eu tenho que fazer uma força maior do que eu para ter coragem de ir a academia) e que atualmente estou "jogando na cara" as coisas que ele fez e por "não me dedicar tanto aos estudos". Nisso já chorando eu falei: "olha, eu to cansada, cansada mesmo, a única coisa que quero de você é o seu amor, e você não tá me valorizando. Uma bunda é mais importante do que tudo o que nós vivemos, então eu to fora, vou nessa. Se tá tão ruim assim é melhor a gente ficar por aqui, saio como entrei e cada um vai ser feliz a seu modo, agora, vc tem que lembrar que se vc ta chegando onde quer é por mérito seu, mas na retaguarda eu tenho feito o possível para proporcionar essa segurança. Seus irmãos, pais, todo mundo fala que você nunca esteve tão bem, e tenho certeza que contribuiu para isso, mas agora, se você prefere um corpão a um caráter vai em frente, tô fora." Eu assumo, realmente me descuidei, to comendo feito uma louca, quanto maior o grau de estresse mais tenho descontado na comida, falei isso a ele que disse já ter notado tal comportamento.
Nisso ele vira e fala: "eu te disse que eu também acho fútil isso da minha parte, sei quem vc é e o que podemos viver juntos, mas eu precisava te falar isso, ja estava me matando, não quero fazer isso com você mais, sei que contar sobre o problema é o primeiro passo para curar.. Queria ter mais tempo perto de você, me sinto mais tranquilo, e não preciso dessas coisas. Quando você está longe é que essas coisas acontecem"
Ai.. como eu me odiei. ODIEI minha genética não abençoada, odiei cada gordura localizada, o dia que comecei a usar calça jeans. Odiei ele por ter falado daquela maneira comigo, porcaria, se eu tivesse uma bunda grande meu caráter seria mais levado em conta. Na verdade meu corpo cintura pra baixo não tem nada de feminino, não tenho quadril largo, nem bumbum, nem coxa grossa e sempre tive uma crise violenta com isso. Ele sabe disso, tanto que sempre falamos sobre eu colocar silicone no bumbum, sei que isso aumentará minha auto estima. Falei também que só queria ser amada de verdade por ele, que sinto que ele me ama com reservas e desejava que tudo isso mudasse.
As mulheres são tentadas por aquilo que escutam e os homens pelo que veem (isso é fato). Sei que também me incomodo com meu corpo, mas fiquei tão chateada que não conseguiria explicar. Nisso ele veio e me abraçou dizendo que ele é um imbecil e tals, e reafirmou que não queria terminar por conta disso.
Não sei direito mas saímos a noite e dentro do carro eu tive uma crise violenta de choro. A chuva caindo lá fora e eu acabando em lágrimas. Chovia dentro de mim mais do que lá fora. Ele pegou minha mão e disse que aquilo ia passar. Quando chegamos a lanchonete eu nem queria olhar na cara dele, ele me pediu desculpas, disse que foi infeliz na maneira que se expressou. Perguntou se um dia eu conseguiria desculpa-lo, eu com toda a franqueza do mundo falei: "você me deu duas pedradas em menos de um sem, não sei como agir". Que sabe que isso me incomoda, e falou para eu marcar a consulta com o cirugião que eu queria ir no ano passado, para a gente procurar saber o valor do procedimento (falamos nisso desde o ano passado). Voltamos para a casa e ele comprou pra mim um corset para a prática do tight lacing, eu já tinha pedido isso faz tempo, pois é comprovado que a utilização do corset por longos periodos faz com que a cintura afine pois molda as costelas flutuantes. Depois disso fomos dormir.
Domingo de manhã namoramos (eu achei ele diferente e comentei com ele, ele me disse que o que fez não era sexo e sim amor) eu tive que insistir para ir ao culto, e no fundo do peito ja estava me conformando com a idéia do termino do nosso namoro. Acho que no fundo no fundo eu nem sabia mais pq estava com ele, ali...
Quando chegamos no culto o pastor começou a falar sobre rejeição, citou alguns tipos de rejeição (pais que não queriam os filhos, rejeição sexual, sentimental, profissional, etc), nisso ele falou: nossa, o culto é para nós. Só concordei com a cabeça e o pastor continuou pregando.
Gente, sem brincadeira, parecia que o pastor tinha escutado toda a nossa conversa do dia anterior. Ele arrancou a casquinha do machucado que parecia querer cicatrizar, enfiou o dedo la dento e mostrou a quantidade de pus que ainda tinha na ferida. Eu já estava incomodada com a pregação, dai ele começou a falar sobre a rejeição sofrida por Cristo e como deveríamos reagir a uma rejeição. Nisso uma outra pastora começou a ministrar, e ele veio e me deu um abraço e disse ao pé do meu ouvido: "meu amor, me perdoa, por favor, me perdoa" e começou a chorar descontroladamente. Sabe aquele choro que vem lá do fundo da alma? Nunca o vi daquela maneira, ele me abraçava mais forte e chorava e pedia perdão e chorava mais ainda... E a pastora orando, ministrando cura, libertação e eu também desabei a chorar... Nos abraçamos e choramos juntos na presença de Deus. Ela falou que era para orarmos uns pelos outros e profetizar cura, libertação, e eu comecei a clamar pela vida dele, pedir Deus que mudasse ele conforme a Sua vontade, que mudasse a mente, o linguajar, o palavreado o olhar... gente, não sei de onde veio tanta lágrima, ele me abraçou novamente em prantos e dizia: meu amor me perdoa, eu quase te perco por besteira minha, me perdoa por favor, não desiste da gente. Sei que, ao final do culto eu parecia outra pessoa e ele também. Sei que Deus tirou um fardo tão grande dos meus ombros e me deu um leve e fez o mesmo com o Amor. O resto do dia foi tranquilo, almoçamos com a família dele, depois fomos bater perna. No fim do dia estava tão exausta que só queria dormir, dormir e dormir.
Por mais que o que ele me disse tenha doido demais fica o alerta: as vezes estamos tão preocupadas com o outro que relaxamos no cuidado de nós mesmas.
Acho que é isso aí.
Qualquer coisa que lembrar a mais eu atualizo.
Só por hoje vou aprender a cuidar da minha mente e do meu corpo.